sábado, 26 de janeiro de 2008

O Jovem Policial


Texto publicado na revista Veja do dia 20/01/2008 - edição nº 2044

O Jovem Policial



"Se fôssemos um país mais educado, menos policiais morreriam por nós, menos cidadãos seriam assaltados e mortos, menos jovens se tornariam malfeitores, menos força teriam os narcotraficantes" Eu estava botando gasolina no tanque de meu carro e do meu lado estavam dois carros da Brigada Militar. Dois policiais falavam com alguém do posto. Um terceiro, bem junto da minha janela, de costas para mim, portava uma arma grande, que na minha ignorância acho que poderia ser um fuzil ou uma metralhadora. Estava ali, sozinho, e comecei a observá-lo sem que me notasse. Tenso, alerta, consciente de sua missão, olhava para os lados empunhando sua arma com o cano voltado para baixo. Seu rosto era jovem, tão jovem que me comovi. Podia ser meu filho. Mais: podia ser meu neto. Estava tão concentrado no seu dever, tão alerta na sua posição, que fiquei imaginando se, ou quando, ele poderia levar um tiro de algum bandido. Poderia ficar lesado gravemente. Poderia morrer. Por mim, por você, por um de nós, em qualquer parte do Brasil, não importa que nome se dê à sua corporação nem se é da guarda estadual, municipal, federal. Esses jovens se expõem por nós. Morrem por nós. Tentam, num país tão confuso, proteger o cidadão. A gente realmente pensa nisso? Uma vez ao dia, uma vez por semana, uma vez ao mês?


Tentei imaginar também como eu me sentiria se um de meus netos tivesse essa profissão. Que suspiro de alívio a cada noite, ou a cada manhã, sabendo que ele estava em casa. Que angústia sempre que se noticiasse uma perseguição, um tiroteio. Quanto ganha para se expor assim um rapaz desses? Esse tinha na mão esquerda uma fina aliança. Podia ter filhos, com certeza muito pequenos, dada sua pouca idade. Que vida a de milhares de famílias, em troca, penso eu, de uma compensação financeira diminuta. Impressionada com sua seriedade, com a realidade concreta daquela arma enorme, e com quanto de repente me senti em dívida com aquele quase menino, teimei em adivinhar: quanto ganharia ele? Tanto quanto uma boa empregada doméstica, que não arrisca a vida embora seja importantíssima numa casa bem organizada onde a valorizam? Tanto quanto uma professora de escola elementar, que vende quinquilharias ou doces feitos em casa para colegas no intervalo das aulas, a fim de se sustentar?


Tanque cheio, saí rodando, pensativa: a educação e a segurança são o primeiro eixo da vida de um país digno. Elas e outros tantos fatores. Mas eu, naquele dia, quis pensar em educação e segurança. Com elas gastam-se quilômetros de papel e uma eternidade em falação. Se fôssemos um país mais educado, menos policiais morreriam por nós, com certeza menos cidadãos seriam assaltados, violentados e mortos, menos jovens se tornariam malfeitores, menos força teriam os narcotraficantes. Menos jovens de classe média alta se matariam nas estradas ou venderiam drogas mortais a seus colegas nas escolas ou nos bares.


O problema, o dilema, a tragédia é saber por onde começar: educação começa em casa. Mas, diz um psicólogo amigo meu, os meninos (e meninas) problemáticos (aqui não falo dos saudáveis, que constroem uma vida) em geral não têm pai ou mãe em casa, e têm poucos modelos bons a seguir. Nas escolas, professores e professoras são mal pagos, desestimulados, sobrecarregados e desanimados (não todos, portanto não me xinguem por isso). Nesse caso, a educação deveria começar pelo alto: pelas autoridades, pelos políticos, pelos líderes. Não posso dizer que o Brasil está sendo brindado com uma maioria de políticos modelares, de líderes positivos, de autoridades de atitude impecável.


Então vivemos um dilema triste: começar por baixo, pela faixa etária menor, pela educação em casa e nos primeiros anos na escola, ou começar a reformar a mentalidade dos altos escalões, nos quais alguns líderes se destacam pela autoridade moral e elevada postura, mas a maioria, sinto muito, está longe disso? Não creio que haja resposta. Eu não a tenho. Quem a tiver que sugira aos governos, ou aos pais, ou aos colégios. De momento, parece-me que estamos apenas despertando para essa questão crucial, sem a qual nada se fará de importante neste nosso país das utopias.


Lya Luft é escritora - escreve semanalmente na VEJA.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Formação e Capacitação!!!


A partir do dia 14 de janeiro estarão abertas aos Agentes de Segurança Pública as inscrições para o 11º Ciclo de cursos adistância da Secretaria Nacional da Segurança Pública (Senasp). As inscrições poderão ser realizadas pelos próprios interessados por meio do site http://www.mj.gov.br/ead.
As inscrições são gratuitas. No site onde serão efetuadas as inscrições podem ser encontrados o conteúdo programático e a apresentação de cada um dos cursos oferecidos. As matrículas dos servidores interessados serão precedidas da confirmação da origem institucional dos inscritos.
Neste 11º ciclo, serão oferecidos os seguintes cursos:
1. PLC – Local de Crime: Isolamento e Preservação (40 h/a)
2. TSH – Tráfico de Seres Humanos (40 h/a)
3. VCP – Violência Criminalidade e Prevenção (40 h/a)
4. DH - Direitos Humanos (40 h/a)
5. SOD – Saúde ou Doença. De que lado você está? (40 h/a)
6. MVV – Atendimento a Mulheres Vítimas de Violência (40 h/a)
7. UIG – Uso da Informação na Gestão da Segurança Pública (40 h/a)
8. UPF – Uso Progressivo da Força (60 h/a)
9. CLD – Combate à Lavagem de Dinheiro (60 h/a)
10. FFM – Formação de Formadores (60 h/a)
11. BEA – Busca e Apreensão (40 h/a)
12. EPH – Emergencista Pré-hospitalar (60 h/a)
13. GCP – Gerenciamento de Crises Policiais (60 h/a)
14. TNL – Técnicas Não Letais de Atuação Policial (60 h/a) – é necessário possuir o curso de Uso Progressivo da Força para inscrição neste curso.
15. IDV – Identificação Veicular (60 h/a) – curso novo
16. PCO – Policiamento Comunitário (60 h/a) – curso novo
17. CRA – Crimes Ambientais (60 h/a) – curso novo
18. RDT – Redação Técnica (60 h/a) – curso novo
19. PTI– Português Instrumental (60 h/a) – curso novo
Os cursos têm início em 25 de fevereiro de 2008. Os certificados de conclusão ficarão à disposição dos concludentes no próprio ambiente virtual do aluno, que poderá imprimi-lo. A Senasp não emite mais certificados na forma física.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Pós Graduação para agentes de Segurança Pública financiado pelo Governo Federal


Renaesp presente em todo o país

Brasília, (MJ) 11/12/2007 - A Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp) possui agora 65 universidades credenciadas. O acordo com as instituições foi firmado na tarde desta terça-feira (11), em solenidade no Ministério da Justiça. O crescimento da Rede, que contava com 22 instituições, faz parte das ações do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Para o ministro Tarso Genro, a Renaesp ajudará a colocar em prática os procedimentos pretendidos pelo Programa.

O ministro lembrou que, quanto mais preparado, mais o policial irá agir com respeito à sociedade. “É uma linha de uma polícia moderna, um sistema de segurança pública moderno”, afirmou. “Que saiba exercer a força quando necessário, mas que ao mesmo tempo inaugure uma nova relação com a população: que os agentes da segurança também sejam protegidos e prestigiados pela sociedade”.


Para o secretário Nacional de Segurança Pública, Antônio Carlos Biscaia, a Rede será bem sucedida na medida em que houver integração entre os entes federativos. Já o reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar Almeida, lembrou que justiça e educação caminham juntas para a construção de uma sociedade melhor – a instituição foi a primeira a firmar parceria com o Ministério e disponibilizar um curso dentro do projeto. O ministro da Educação, Fernando Haddad, por sua vez, disse que os desafios são difíceis, mais podem ser superados. Além do Bolsa-Formação e da remição da pena por estudo nas penitenciárias, ele citou recente edital de pesquisas sobre segurança pública aberto pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como proposta educacional que pode ajudar a contribuir para a melhoria da segurança. “O governo federal tem combinado ações. Elas precisam ser potencializadas”, defendeu. 80 universidades Das 65 instituições que foram credenciadas hoje, 50 serão contratadas até o próximo dia 31 de dezembro. As outras 15 terão o convênio firmado em 2008. Com o credenciamento, a Renaesp estará presente em todo o país – exceto no estado de Rondônia. São 37 universidades privadas e 29 públicas. Em 2008, o objetivo é chegar a 80 instituições parceiras e capacitar 5250 mil policiais. Até 2012, serão investidos R$ 54,560 milhões no projeto. Em funcionamento desde o final do ano passado, a Renaesp atende hoje 1,6 mil policiais militares, civis, bombeiros e guardas municipais.


A Rede é composta por cursos de pós-graduação lato sensu (especialização). As aulas abordam temas como ética, direitos humanos, sociologia e técnica policial. Junção Com a implantação do Pronasci, juntou-se à Renaesp a Rede de Educação a Distância (EAD), que também foi desenvolvida pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). O Programa unificou as duas modalidades de curso, que tratam de temas semelhantes. Por meio deles, os policiais terão direito a requerer o Bolsa-Formação. Atualmente, a EAD pode ser acessada pelos profissionais da área de segurança pública em 60 telecentros espalhados pelo país. No ano que vem, este espaço será ampliado para 200 pontos.
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